Diz-nos a página do Ministério da Defesa Nacional (e eu acredito, pois claro), que Portugal vai adquirir 37 carros de combate Leopard 2A6 para o exército português.
Não são carros de combate a incêndios. Não consta que possam servir para ambulância. Não me parece que venham equipados com livros. São carros para a guerra. Diz que matam gente.
Ora, antes de mais, permita-me o Ministério da Defesa Nacional dar uma dica rápida: comprem um qualquer utilitário e circulem nas nossas estradas nacionais. Garanto que ficam a ver que também dão para matar gente, com a grande vantagem de sair muito mais barato para o erário público.
É que (e isto não é a página do Ministério da Defesa Nacional que nos diz) consta que os tais carros de combate custarão ao Estado alguma coisa acima dos 50 milhões de euros. Ora eu sou um mero professor, um simples cidadão, mas, daqui donde eu estou, custa-me a percepcionar a real necessidade que possamos ter de carros de combate. Principalmente numa altura em que se fala (e me obrigam a mim!) em apertar o cinto e onde os curtes orçamentais na educação e na saúde se sucedem. Não há dinheiro para que quem paga os seus impostos direitinhos tenha direito a um atendimento médico rápido, capaz e barato. Mas dá sempre para comprarmos mais uns carros de guerra. Não há dinheiro para se construir pontes e estradas que depois não exijam a quem as transita pagar (mais uma) portagem. Mas, lá está, temos dinheiro para comprar tanques para o nosso exército. Não há dinheiro para pagar formação aos professores, para equipar convenientemente as escolas com artigos luxuosos como aquecedores, ares condicionados ou novos vidros para substituir os partidos, mas há certamente dinheiro para investir em carros blindados.
Talvez estejamos em guerra. Talvez pretendamos invadir Espanha ou coisa que o valha. Talvez apenas falte, aos senhores do Governo, a capacidade para discernir as prioridades de um país que se encontra tudo menos bem.
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