quinta-feira, 20 de março de 2008

Obrigado Srª. Ministra

Eis ao que chegou a sua desresponsabilização dos alunos. Eis o resultado das suas políticas facilitistas que nos dizem que um aluno transita de ano a não ser que se prove o contrário e se preencham as milhares de folhas necessárias por cada elemento do conselho de turma. Eis ao que leva a sua tolerância excessiva e abusiva. Eis aquilo que está a formar. Será esta a mão-de-obra deste país daqui a uns anos. A sua desautorização pública aos docentes, o seu julgamento e catalogação de todos os professores na Praça Pública foi minando aos poucos até destruir, por completo, uma das nossas principais ferramentas de trabalho: O RESPEITO.

Fica o excerto do EXPRESSO:

Uma professora de francês da Escola Secundária Carolina Michaelis, no Porto, foi brutalizada, em plena aula, quando tentava tirar o telemóvel a uma aluna.Os restantes alunos assistiram e filmaram. O vídeo está no YouTube.

O episódio foi filmado pelos alunos e está no YouTube. Enquanto a professora tentava tirar o telemóvel à estudante, os restantes alunos assistiam e riam-se da situação.

Nos comentários ao vídeo no YouTube a atitude é criticada por outros alunos da escola.






Alteração nº 2 - o vídeo original foi removido. Uma cópia do mesmo encontra-se aqui:



E, já agora, a página do Youtube onde esse mui prestável aluno, que filmou o sucedido, rindo-se da situação, fez o favor, certamente por graça, de colocar o vídeo. Para que todos saibam. Para que todos se possam envergonhar do país e da educação que temos.

Continua o EXPRESSO:

Ministério abre inquérito

Contactada pelo Expresso a Direcção Regional de Educação do Norte (DREN) disse que só hoje teve conhecimento do caso, através de um e-mail enviado por uma cidadã. António Leite, director-adjunto da DREN,ordenou à escola a abertura de um inquérito. E adiantou que o Conselho Directivo da escola soube do caso através da DREN.

A presidente do Conselho Directivo não se mostrou disponível para prestar declarações ao Expresso.

O sindicato de professores do Norte não tem conhecimento do caso.



VERGONHA!



Alteração de última hora - O vídeo foi tornado inacessível por ligação externa, portanto só através da página do Youtube é que poderão visualizá-lo. http://www.youtube.com/watch?v=EhLTvLCP8xw

11 comentários:

Purple disse...

Comento no meu próprio blog para fazer mais um desabafo em relação a esta notícia.

Meninos e meninas. Pouco me interessa a educação que os vossos paizinhos vos dão em casa ou a influência que o modo como o Ministério da Educação me trata tem na imagem que vocês possam ter de mim enquanto professor.

Bem sei que, felizmente, as minhas boas relações com os meus alunos tornam inconcebíveis cenas tipo estas, mas não é demais dizê-lo. Não quero saber dos trâmites legais todos, nem das considerações a ter para não tornar "anti-pedagógico" para os alunos uma punição, mas comigo aquilo não passaria em claro. Aliás, aquilo jamais escalaria até àquele ponto. Ali, naquela sala, a autoridade sou eu. Não querem, faltem. Não estão para me aturar, faltem. É um direito que vos assiste. Mas ali dentro, são MEUS alunos na MINHA aula. Comportam-se como eu disser quer isso agrade ao ministério quer não agrade.

Há determinadas regras que são para se cumprir. Umas com maior flexibilidade que outras, é certo, mas são para se cumprir. Telemóveis ficam comigo ou no Conselho Executivo pelo menos uma semana ou até que os vossos papás se dirijam à escola para os ir levantar.

Vocês, que me conhecem, sabem como sou. Peço-o calma e educadamente. Consideraria aqueles empurrões como uma agressão e um desrespeito ao meu estatuto de professor dentro da escola. Se calhar alguns de vocês não. Eu compreendo-vos. Isso vem da educação que os vossos pais vos dão em casa - ou da falta dela - e da maneira como o vosso país vê aqueles responsáveis pela vossa instrução e, cada vez mais, formação e educação.

Assim, aquele caso comigo provavelmente receberia um par de tabefes bem assentes para ver se a jovem acorda e vê que não está a brigar com o irmãozito dela por causa dos chocapic. Pouco me importa se isso implicaria uma sanção disciplinar a aplicar a mim (sim, porque nestes casos, parece que quem paga ultimamente é mesmo o professor), mas eu, como cidadão, recuso-me a ser agredido no meu local de trabalho por outro cidadão.

Podia ser que o tabefe fosse bem aceite pelo paizinho da menina ou não. Logo se veria. Certo é que eu exijo respeito da mesma forma que vos respeito a todos.

Preciso dele para fazer o meu trabalho. É que eu não pretendo ser só mais um "stor". Quero ser um Professor.

Anónimo disse...

Colega

Um tabefe não seria aceite pelos pais, de certeza. Não aconselho ninguém a fazê-lo e não pense que "logo se veria"... os tempos estão muito mudados...

Há alguns anos, tive eu um aluno a quem apliquei esse correctivo, no momento certo (aconselhada pelo psicólogo do aluno e com consentimento prévio da mãe) e fiquei para sempre marcada profissionalmente, já lá vão 17 anos.
A mãe entendeu fazer queixa ao Ministério da Educação e ao Tribunal.
Pedi ajuda ao sindicato (FENPROF) para me defender e a resposta que obtive foi que me dirigisse a um advogado influente, na minha zona. Há dezassete anos, valeu-me o meu trabalho, valeram-me os pais de todos os meus alunos e os meus alunos que em Tribunal me defenderam.

Hoje, ao observar este vídeo, revivi os momentos de histerismo de um aluno (hoje um homem) que eu também pretendi "acordar" para a vida mas que contribuiu muito para o meu desgaste pessoal e profissional.

Purple disse...

Percebo o seu ponto de vista e agradeço o conselho.

Mas ser Professor tem as suas vantagens e desvantagens. Um dia, talvez, perderei tempo a expô-las por aqui.

Mas não me podem exigir que, à lista de desvantagens, se some o exercer da minha profissão com medo. Ninguém agride trolhas, agentes de seguros, carteiros, empregados de mesa e espera passar impune. Porque haveriam de o fazer com os professores? Porque é que um empregado de mesa ou um polícia pode defender-se de violência física e um professor não?

Dou aulas porque gosto de dar. Sou bom no que faço, mas faço-o por prazer. Se me tirarem o prazer de dar aulas e de ensinar, e se pretenderem que eu passe a trabalhar num clima de medo e de represálias, passo a ver isto apenas como um emprego. E aí as eventuais represálias profissionais não me incomodarão tanto.

Obrigado pelo seu comentário.

Anónimo disse...

Acho a situação imensamente lamentável e concordo com os comentários do Purple. Só não sei como é que se consegue impingir isto à ministra... A profissão de professor não é fácil, nem se espera que seja, pela importância que temos na nossa sociedade: temos uma imensa responsabilidade pelo que se passa nas nossas salas de aula e não é por nos andarmos a queixar da ministra que situações como esta desaparecem. Nem surgem por causa de políticas educativas nenhumas: são reflexo de mudanças mais latas que têm que ser enfrentadas nas salas de aula, certamente não com repressão mas com a relação pedagógica que permite a profissionais como o purple afirmarem que não concebem que isto se passe com os seus alunos.

Desolada que as nossas escolas funcionem desta maneira e sejam expostas desta maneira...

NP66 disse...

A minha experiência de 20 anos no ensino diz-me que isto é o resultado da desautorização dos professores, levadas a cabo por políticos e políticas inconscientes, mas também pelos excessos de alguns Conselhos Executivos, que preferem ficar sempre contra os professores quando estes têm algum diferendo com os pais e/ou alunos, ao invés de os defenderem e defenderem a sua autoridade na escola e na sala de aula! Sei do que falo... :)

Arrebenta disse...

Está tudo disponível no "Vicentinas de Braganza", é só copiarem os vídeos.
Se ela tem estratégias, nós temos muito mais.
Se não sair a bem, sairá ao pontapé, 100 000 pontapés, no caso vertente...
Boa noite.

Anónimo disse...

Isto só podia ter acontecido num estabelecimento de ensino público porque é onde os alunos se sentem protegidos pela lei da impunidade.
No final de tudo isto, creio que ainda vai sobrar para a professora. Ninguém gostaria de ver a aluna cruxificada, não mas conhecemos muitas formas de punir.
Afonso D. Salgueiro

Anónimo disse...

Que situação mais ridícula e lamentável! O que se passa com esta geração? E com a sociedade em geral?! Está tudo a ficar louco ?!

O link colocado no blog já não está disponível, mas tem uma cópia aqui:
http://www.youtube.com/watch?v=aQ7tjBuTaTo

Unknown disse...

As ex alunas do garcia de orta da professora adosinda cruz manifestam aqui o seu apoio. essa miuda devia apanhar um bom par de estalos.professora querida, va em frente.um grande beijinho das ex alunas

Unknown disse...

Porreiro, pá!

Os alunos não só mandam nos profs., como os tratam vários níveis "abaixo de cão"!
Porreiro, pá!
Já quase nada falta para 100% de sucesso, pá! Agora, os professorzecos estão a perceber quem manda. Porreiro, pá! Hão-de acabar o 12º sem conseguir soletrar o nome próprio, mas "está-se bem". Lá no topo das estatísticas ficaremos. Os profs? Que se lixem,pá!

Anónimo disse...

Obrigada, Sra. Ministra!

Nunca neste país de brandos(?) costumes se viu algo de tão edificante a nível da educação.
A profª é péssima, não é? Nem sei que indicadores a poderão classificar.
Coitadinha da menina! Coitadinhos dos outros meninos da turma! (Ah! Fez-se-me luz! Eles estavam ali a mando da oposição, só para "deitar abaixo" a Sra. Ministra! Não se está mesmo a ver? Não eram alunos a sério! Já na "manif" dos professores foi o mesmo: só cerca de uma dúzia eram professores. O resto? Figurantes, pois então! (Os mais convincentes eram mesmo actores contratados)